terça-feira, 5 de junho de 2012
SOBREVIVÊNCIA POLICIAL
(Aconselhável para todos os policiais)
Enviado por Valmir Dionizio
ORIGEM DOS DADOS
Dados estatísticos oriundos do estudo detalhado de confrontos armados, relatados em pesquisas anuais de diversos departamentos de polícia norte americanos, inclusive o FBI, envolvendo ações de alto risco. Nos EUA, três em cada quatro dias são relatados através de rádios, telex e informes mortes de policiais em serviço. A conclusão que se chegou foi que: muito mais tempo e esforços são gastos para enterrar decentemente um policial do que para mantê-lo vivo.
OBJETIVO
Entender a dinâmica de um confronto armado na vida real. Convencer o policial de que seu trabalho é REALMENTE perigoso e doutriná-lo a reconhecer e proceder corretamente diante de uma situação de risco.
A CONSTRUÇÃO DO ENGANO
Há tempos, a mídia mostra uma dinâmica de confrontos armados que pouco tem a ver com a realidade, o que faz com que inconscientemente tenhamos um entendimento errado sobre combates com armas de fogo. 84% dos tiros disparados na TV ou no cinema erram seus alvos. Apenas 8% causam ferimentos ou morte (e nestes casos, o efeito de projéteis de armas de fogo no corpo humano são totalmente distorcidos); 8% restantes são aqueles que mesmo atingindo o alvo, não causam danos de acordo com a realidade do fato.
A REALIDADE
Um fato que foi observado: a falta de treinamento e adestramento constante do policial e o pior: um treinamento equivocado. Nas academias de polícia, estudos mostram que 70% dos alunos nunca tiveram qualquer contato anterior com armas de fogo e, mesmo depois de formados não tiveram adestramento suficiente para utilizarem adequadamente suas armas em situações reais. 40% dos policiais mortos em serviço não tiveram treinamento ou prática de tiro durante três anos após terem efetuado o último disparo em treinamento. Muitos dos que tombaram em serviço eram excelentes atiradores no estande. Diferente da prática no estande, na vida real o seu alvo se move e atira de volta em você. Em 60% dos casos de morte de policiais, estes se encontravam tão despreparados para a situação que os matou que nem sacaram suas armas. Desses, somente 27% atiraram de volta. E desses 27%, apenas 13% conseguiram atingir ou incapacitar seu agressor. E ainda: 70% dos policiais atingidos que responderam ao fogo não conseguiram neutralizar seus alvos. Sendo que, em 20% destes casos, os policiais foram mortos com suas próprias armas, tomadas de suas mãos ou dos coldres. Estudos mostram que há 40% de chance do bandido atingir o policial. Nesses casos o bandido atirou primeiro, o que quer dizer que há motivações suficientes para que o bandido atire. Em 60% dos casos onde morreram policiais, os criminosos envolvidos eram profissionais e já tinham passagens anteriores pela polícia.
A DESVANTAGEM
Suas viaturas são ostensivas; Seus uniformes denunciam sua presença; Os agressores não tem que justificar seus atos.
IMPORTANTE
Questões morais, psicológicas e religiosas devem ser resolvidas ANTES do confronto. Pode ser que a qualquer hora, em qualquer lugar e sem aviso prévio, você tenha que atirar em alguém para assegurar sua própria vida ou de outros. No trabalho policial NÃO há garantias. A próxima missão poderá ser mais uma missão de rotina ou pode ser aquela em que você será testado sobre tudo o que aprendeu.
O DESCUIDO
Um policial bem adestrado precisará de, no mínimo, 1 a 1,2 segundos para sacar e atirar, enquanto o agressor apenas de milésimos de segundos para atirar se já estiver com arma em punho (lembrando que nas situações rotineiras dificilmente o policial terá sua arma em punho). UM DADO IMPORTANTE: mais de 70% dos confrontos armados fatais para policiais ocorrem durante missões aparentemente rotineiras. Um em cada dez policiais mortos estava de folga e isto quer dizer que uma vez que você é policial você se torna um alvo durante as 24 horas do dia.
CONDICIONAMENTO MENTAL
A sobrevivência está relacionada diretamente ao Estado de Alerta. O preparo mental consiste em visualizar e ensaiar mentalmente suas ações de modo a planejar reações em função das ações dos criminosos.
ESTADOS DE ALERTA CÓDIGO BRANCO
Estado Relaxado. Distração com o que ocorre ao redor. Relaxamento. Pensamento disperso. Pode ser ocasionado por cansaço. Acredita-se que não há possibilidades de problemas. Você está despreparado para um eventual confronto.
ESTADOS DE ALERTA CÓDIGO AMARELO
Estado de Atenção. Você está atento, precavido, mas não tenso. Mantém vigilância (360º) de pessoas, lugares e ações ao redor. Não há identificação de ato hostil, mas está ciente que uma agressão poderá ocorrer. Está preparado para empregar ações adequadas e compatíveis em caso de ameaça.
ESTADOS DE ALERTA CÓDIGO LARANJA
Estado de Alerta. O problema já existe e você está ciente de que um confronto é provável. Tenha um planejamento tático em mente. Identifique pontos de abrigo e pessoas que possam representar ameaça. Avalie as prováveis reações e pense em termos de controlar a ameaça com arma de fogo, se necessário. O código laranja diminui os riscos de ser surpreendido.
ESTADOS DE ALERTA CÓDIGO VERMELHO
Estado de Alarme. O risco é real e a reação instantânea é necessária. Focalize a ameaça e tenha em mente a ação necessária para controlá-la, seja com intervenção verbal, força física ou força letal conforme a situação exigir.
Apesar da emergência, a decisões devem ser racionais.
ESTADOS DE ALERTA CÓDIGO PRETO
Estado de Pânico. A ameaça se mantém por um tempo prolongado. Se enfrenta um perigo para o qual não está preparado. Nesta situação o descontrole é total podendo produzir paralisia (congelamento) de ações, ou fazer com que se reaja incorretamente: partir para cima, correr desesperadamente ou simplesmente se entregar). Sua mente está em “apagão”. Este estado mental não proporciona condições de defesa. Tenha sempre em mente: A sobrevivência começa muito antes do momento em que se precisa atirar. Se esperarmos até esse momento para pensar no que fazer, sobreviver será apenas questão de sorte.
PADRÕES DO COMBATE COM ARMAS DE FOGO
85% das distâncias nos confrontos armados são menores que 6 metros. A maioria dos policiais mortos em serviço estava a uma distância de no máximo 3 metros. A parte restante estava a menos de 2.
BAIXA LUMINOSIDADE
Duas em cada três vezes o confronto se dará em locais escuros ou de baixa luminosidade. Na maioria das vezes, não haverá condições de enxergar alça e maça de mira quando for efetuar disparos.
TEMPO É FATOR CRUCIAL
O tempo dos tiroteios (em quase 100% dos casos) não foi maior que três segundos e três tiros disparados foi a média calculada, contando-se os disparos do agressor e do policial. Em quase todos os casos, os disparos iniciais determinaram o resultado final do confronto.
REAÇÕES INESPERADAS
É importante ter a ciência que a reação de um indivíduo ao levar um ou mais tiros depende de seu estado psicológico. Nem sempre, um disparo dito certeiro pode incapacitar instantaneamente um indivíduo. Alguns indivíduos atingidos por múltiplos disparos continuam lutando contra a polícia; Outros podem sucumbir apenas com um único disparo de raspão; Isso se deve a histamina dos seus cérebros!!! Pesquisas médicas comprovam que cerca de 20% dos indivíduos atingidos por um único disparo não ficam incapacitados (neutralizados), mesmo quando atingidos em áreas letais. Na prática, estão mortos, mas ainda não sabem disso. Cerca de 13% deles resistem por até 5 minutos, e 7% resistem até mais.
SÍNDROME DE “SUPER HOMEM”
O fato de executar missões arriscadas sem qualquer anormalidade por anos a fio faz com que alguns policiais incorporem uma idéia de que são indestrutíveis, inatingíveis e o pior, passa a não considerar ser ferido ou morto.
Essa atitude faz com que ele coloque em risco não só a sua vida, como a de seus companheiros. Os maiores inimigos do policial são: A rotina e o excesso de confiança.
MANTENHA-SE TREINADO!
Sob pressão, você instintivamente agirá de acordo com aquilo que treinou. Treino exige tempo e dedicação e por mais simples que sejam as técnicas e procedimentos de sobrevivência, elas exigem treinamento. Procure treinar o mais próximo da realidade possível e em condições de estresse. Mantendo um bom condicionamento físico, planejando e treinando adequadamente você evitará erros cometidos por outros que já morreram e aumentará em muito sua chance de sobreviver num confronto armado.
MANDAMENTOS
1) O policial não é um super-homem;
2) Jamais saia para as ruas sem antes checar sua arma;
3) Durante uma troca de tiros, procure manter-se abrigado;
4) Se o inimigo está no seu campo de visão, você também estará no dele;
5) Nunca atire desnecessariamente, pois isto poderá colocar a vida de terceiros e a missão em risco;
6) Seja humilde para receber informações que possa lhe salvar a vida;
7) O policial precisa acreditar em todas as missões que lhe são confiadas, por mais simples que possa lhe parecer, ela pode tirar-lhe a vida;
8) O trabalho em equipe é sempre o melhor trabalho;
9) Seja profissional, sempre respeitando a capacidade de ação do inimigo;
10) Não tome atitudes para as quais não foi preparado.
Nesse momento, em algum lugar, o seu inimigo está se preparando para matá-lo.
Valmir Dionizio é Sargento da Policia Rodoviária do Estado de São Paulo sediado na cidade de Assis
Obs.:Os dados do artigo foram fornecidos pelo COT (Comando de Operações Táticas da Policia Federal)
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